Prejuízo do comércio com portas fechadas pode ultrapassar R$ 300 milhões no ES

A crise na segurança pública no Espírito Santo trouxe prejuízos que podem passar dos R$ 300 milhões aos lojistas nesses dias de portas fechadas. A estimativa é da Federação do Comércio e Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo (Fecomércio-ES).
O valor não inclui as depredações e os assaltos: pelo menos 300 lojas foram saqueadas e depredadas e o prejuízo calculado nesses casos gira em torno de R$ 30 milhões. Só na capital capixaba, 200 lojas sofreram ataques desde o último dia 4. As lojas mais visadas são as que vendem eletrodomésticos, joias e roupas.
Com a paralisação da Polícia Militar e o clima de insegurança nas ruas, estima-se prejuízo no comércio do estado em torno de R$ 45 milhões por dia com as lojas fechadas. O levantamento, realizado pela Fecomércio, considera o PIB do comércio do Espírito Santo diário como o valor máximo que poderia ser perdido em um dia parado e a quantidade de dias úteis perdidos.
Além do comércio, outros setores tiveram perdas, como serviços e turismo. Segundo a Fecomércio, no caso do turismo, houve cancelamento de reservas de hotéis e de eventos importantes, como o da 43ª Feira Internacional do Mármore e Granito que tinha expectativa de receber 25 mil visitantes.
Fundo de ajuda
A Fecomércio-ES irá disponibilizar um fundo de R$ 1 milhão aos micro e pequenos empresários, que necessitarem fazer reparos emergenciais nos estabelecimentos que sofreram depredação durante a paralisação da Polícia Militar, sejam eles filiados ou não aos sindicatos.
"Estamos conversando hoje com nosso departamento jurídico para saber como vamos proceder. Os casos serão analisados individualmente e não serão cobrados juros e correções no pagamento do crédito. Os empresários terão até 90 dias para quitar o empréstimo. A princípio, estamos fazendo contatos com o Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal para alinhavar procedimentos para esses adiantamentos", disse o presidente da instituição, José Lino Sepulcri.
Comércio popular
No principal centro de comércio popular do município da Serra, na região metropolitana de Vitória, as lojas reabriram as portas desde sábado (11) em horário reduzido. Com o retorno do transporte público, o movimento voltou a ser intenso nesta segunda-feira (13) na região.
Gerente de uma loja de roupas femininas e infantis na Avenida Central, no bairro de Laranjeiras, Lindobergue Chaves de Queiróz, de 25 anos, conta que o estabelecimento não abriu nenhum dia na semana passada por causa da insegurança com a falta de policiamento. “Hoje estamos nos sentindo mais seguros. Já estamos vendo policiamento na rua e o Exército está aí também”, disse. “O prejuízo foi grande porque pegou a melhor época para o comércio que é início de mês”.
Retomada da rotina
A rotina retornou em grande medida à normalidade nesta segunda-feira na região metropolitana da capital capixaba após dez dias de paralisação dos policiais militares no estado. Os ônibus estão circulando normalmente, há engarrafamento em vários pontos da Grande Vitória, e longas filas nas agências bancárias e lotéricas são registradas.
O governo do Espírito Santo informou que o expediente nas repartições públicas estaduais será normal nesta segunda-feira. As aulas nas escolas da rede estadual serão reiniciadas hoje e os atendimentos de urgência e emergência nos hospitais estaduais estão mantidos.
A prefeitura de Vitória também informou que retoma hoje o expediente dos servidores municipais. Da mesma forma, as unidades de saúde voltam a funcionar normalmente. Nas 102 escolas da rede municipal, o expediente interno retorna nesta segunda, e o início do ano letivo ocorrerá nesta terça-feira (13).
Policiamento
A Secretaria de Segurança Pública do Espírito Santo informou há pouco que 1.192 policiais militares se apresentaram para trabalhar nesta manhã. A corporação conta com dez mil homens, mas, em dias normais, o policiamento é feito por um efetivo de dois mil PMs.
O movimento das mulheres em frente aos batalhões continua pelo décimo dia. Elas impedem a saída de viaturas e policiais em protesto por melhores salários e condições de trabalho para os PMs.